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14/01/2015

Com desistentes, taxa de desemprego no Brasil seria quase o dobro da atual

A principal causa do baixo desemprego recente no Brasil não é mais o dinamismo do mercado de trabalho, mas a desistência de muitos brasileiros em idade ativa de procurar uma ocupação.
Não fosse esse fenômeno, a taxa de desemprego nas grandes regiões metropolitanas estaria mais perto de 8% do que dos 4,8% atuais, segundo cálculo dos economistas André Gamerman e José Márcio Camargo, da Opus, gestora de investimentos.

As causas da queda da chamada taxa de atividade ou de participação –percentual de pessoas em idade ativa que trabalham ou buscam uma ocupação – têm atraído o interesse de especialistas.

Os dados fornecem pistas interessantes. O recuo, em anos recentes, foi mais marcante entre jovens de 18 a 24 anos, mulheres e moradores de grandes centros urbanos.

Para Camargo, parte da explicação para a queda no percentual de brasileiros ativos é o aumento do custo de trabalhar fora de casa.

Os preços dos serviços tiveram forte alta nos últimos anos. A alimentação fora do lar, por exemplo, subiu 8,37% nos 12 meses encerrados em novembro, acima da inflação como um todo (5,58%). Também entram na conta fatores não mensuráveis, como a perda de bem estar causada pelos longos deslocamentos nas grandes metrópoles.

A hipótese de Camargo é reforçada pelo fato de que jovens e mulheres se destacam entre os que deixam o mercado. “São membros secundários da força de trabalho. Em um cenário em que aumentou a renda do membro principal da família e subiu o custo de trabalhar fora, muitos preferem ficar de fora”, diz.

“Uma queda na renda ou a perda do emprego do chefe da família tende a levar essas pessoas a voltar à força de trabalho, mesmo com o desconforto do deslocamento e do estresse”, diz Camargo.

Economistas esperam que esse retorno ao mercado comece a ocorrer agora, devido ao ambiente de fraqueza da economia, que já levou a uma severa desaceleração na geração de empregos formais.

Esse movimento já pode ter se iniciado nos últimos dois meses, quando a taxa de participação voltou a subir, contribuindo para uma modesta alta do desemprego.

A dúvida é sobre o tamanho provável desse impacto, já que as causas estruturais da queda na taxa de participação são mais difíceis de serem revertidas.

Fonte: Folha.com

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