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Dilma quer encontro com empresários depois da eleição

10/07/2014

Dilma quer encontro com empresários depois da eleição

A presidente Dilma Rousseff acredita que as expectativas em relação à economia só vão melhorar em novembro, após a eleição presidencial. Confiante na vitória, a presidente acha que terá, depois do pleito, um “encontro marcado” com o setor empresarial, hoje, em sua maioria, contrário à sua reeleição.

A mensagem da presidente, ao adotar essa postura, é a seguinte: o governo não vai dizer agora o que pretende fazer na economia num possível segundo mandato. Mudanças na gestão macroeconômica e na equipe são admitidas, serão feitas, mas nada será antecipado no período eleitoral.

Essa estratégia difere completamente da adotada por seus dois principais opositores na corrida eleitoral. Por causa do crescente clima de incerteza provocado em boa medida pela postura do governo, o candidato do PSDB, Aécio Neves, não se comprometeu propriamente com políticas específicas, mas anunciou Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, como seu homem forte na economia.

A indicação de Fraga foi um sinal claro ao mercado: numa gestão Aécio, o governo será mais “market friendly” (amigável aos mercados). Já Eduardo Campos, candidato do PSB, fez algo diferente, embora com o mesmo propósito: ele não se comprometeu com nomes, mas com políticas, entre elas, a redução da meta de inflação, hoje, de 4,5%, uma das mais altas dos países que adotam o regime de metas. O fato é que ambos procuram se diferenciar de Dilma, tentando diminuir as incertezas.

A presidente já desistiu de melhorar as expectativas. Acha que há uma profunda má vontade com seu governo. Considera também que os próprios empresários queimaram as pontes com Brasília. Os que ainda andam pela esplanada dos ministérios só pensam nos interesses particulares de suas empresas ou setores.

O Palácio do Planalto acredita também que se tornou refém de uma situação delicada: como anunciar nomes novos para a equipe econômica sem enfraquecer o time atual? Já se sabe que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixará o cargo num novo mandato de Dilma. O problema é que, se o nome do substituto fosse conhecido agora, Mantega não teria condições de permanecer na função.

Foi pensando nisso que o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Fernando Pimentel trabalhou para levar ao governo o empresário Josué Gomes da Silva, do grupo Coteminas e filho de José Alencar, vice-presidente da República na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. O plano era que Gomes da Silva assumisse a Pasta do Desenvolvimento e, num segundo momento, antes do início da campanha eleitoral, passasse a comandar o Ministério da Fazenda.

Antes disso, em agosto do ano passado, ainda no calor das manifestações populares que sacudiram o país, a presidente Dilma pensou em substituir Mantega. Na ocasião, o governo já operava algumas mudanças na política econômica com o objetivo de diminuir as críticas e melhorar as expectativas. Aconselhado por empresários, o ex-presidente Lula chegou a dizer a Dilma que não avalizava mais a presença de Mantega no ministério e muito menos a do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.

A pressão aumentou em novembro, mas, num dado momento, a presidente julgou que não ficaria bem tirar o ministro por coação dos mercados e mesmo do ex-presidente Lula. Seria um sinal de fraqueza. Ademais, ela teve dificuldade de identificar um nome que atendesse tanto às suas expectativas quanto às do mercado.

Mesmo aceitando correções no rumo de sua gestão, Dilma não abre mão de um aspecto: em última instância, o comando da economia é dela.

Fonte: Valor Online

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