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Inflação deve ter projeção acima de 7% com novas medidas

23/01/2015

Inflação deve ter projeção acima de 7% com novas medidas

O pacote com aumento de impostos anunciado na noite da última segunda-feira (19) pelo governo federal, que incluiu tributos sobre combustíveis, acabou piorando ainda mais as expectativas de inflação para este ano, com projeções acima de 7%, cada vez mais longe do teto da meta oficial (6,5%).

Se confirmada, a alta anual do IPCA seria a maior em mais de uma década, mas ainda não o suficiente para especialistas acreditarem em aperto monetário maior pelo Banco Central, uma vez que a atividade econômica fraca e a perspectiva de maior rigor fiscal devem, com o tempo, gerar alívio nos preços.

“Fundamentalmente, vai sobrar para a atividade”, afirmou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves, que elevou em 0,5 ponto percentual a sua estimativa de alta do IPCA para o fechamento de 2015, a 7,3%, após o anúncio do pacote de medidas fiscais.

Histórico

A última vez que a inflação oficial do País ficou acima de 7% foi em 2004, quando o IPCA subiu 7,6%. A meta oficial é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

A última pesquisa Focus do BC com economistas de instituições financeiras, feita antes do aumentos dos tributos, mostrou que as estimativas eram de que o IPCA subiria 6,67% neste ano, com expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,38%.

Impacto para o consumidor

Entre as quatro medidas tributárias divulgadas na véspera, que devem elevar a arrecadação neste ano em R$ 20,63 bilhões, a que pesa mais sobre os preços é o aumento das alíquotas da Contribuição para Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e do PIS/Cofins que incidem sobre combustíveis. Como a Petrobras já informou que os impostos serão repassados aos preços aos consumidores, Gonçalves espera que o preço da gasolina suba entre 8% e 9% na bomba e o do diesel, cerca de 3%.

Selic

Mesmo com a piora cada mais acentuada sobre as expectativas de inflação, especialistas consultados não esperam que o BC possa ser mais agressivo na elevação da taxa básica de juro, hoje em 11,75% ao ano, para não afetar ainda mais a já frágil atividade econômica.

“Ao mesmo tempo em que tem a inflação mais pressionada agora, tem um alívio maior no fim do ano por causa do fiscal mais apertado e da atividade mais fraca”, disse o estrategista da corretora Icap, Juliano Ferreira, que manteve sua projeção de que Selic irá a 12,5% no fim do atual ciclo de aperto, iniciado em outubro passado.

“Por isso, o BC pode se dar ao luxo de não colocar a Selic no céu”, acrescentou ele.

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decide na quarta-feira sobre a Selic e as expectativas quase unânimes são de que elevará a taxa em 0,50 ponto percentual.

Ações agradam a agentes

Apesar do cenário de maior pressão sobre a inflação, as ações de maior rigor fiscal têm agradado agentes econômicos, que as consideram essenciais para ordenar as contas públicas.

“Se você está fazendo um ajuste, está colocando a casa em ordem e vai ter que pagar um preço no curto prazo”, afirmou ontem o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, que espera que o IPCA avance 7,1% neste ano.

Newton Rosa ressaltou, contudo, que a inflação tende a ficar mais equilibrada em 2016, quando os efeitos das ações atuais serão sentidos. “Com medidas de ajuste fiscal, política monetária contracionista e quadro de atividade relativamente fraca, é possível imaginar que os preços voltem a convergir à meta a partir do ano seguinte”, acrescentou, em linha com o cenário que vem sendo defendido pelo próprio Banco Central.

Recuperação da confiança

As medidas da nova equipe econômica do segundo mandato da presidente Dilma – encabeçada pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), além do presidente do BC, Alexandre Tombini – têm como objetivo recuperar a confiança na economia.

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