NOTÍCIAS

21/10/2010

Mais poder as meninas e mulheres

Essa é uma das maneiras de garantir o crescimento saudável da sociedade. É o que dizem autoridades e grupos que desenvolvem trabalhos na área

Por Lena Castellón 22 de Setembro de 2010 às 11:23

Pode um vídeo de três minutos deixar em silêncio, por instantes, uma plateia composta de líderes de várias partes do mundo? Sim. Foi o que aconteceu com o mais novo filme da organização The Girl Effect, criada pela Nike Foundation e lançada com apoio da Wieden+Kennedy. A produção batizada de “The clock is ticking” mostra o que pode acontecer para uma garota que chega aos 12 anos e que vive na pobreza. Nessa situação, seu futuro está fora do controle.

De acordo com a história descrita no vídeo, em alguns países uma menina de 12 anos já é vista como mulher. Aos 14 anos, essa garota é obrigada a se casar. Aos 15, engravida. Se não morrer de complicações no parto, essa menina, ainda na pobreza, pode ser obrigada a se prostituir para sustentar sua família. Quadro que a coloca em risco de contrair Aids e de espalhar o vírus para outras pessoas. Em seguida a essas cenas desenvolvidas por animação, vem a mensagem: “Não é a vida que você imaginava para uma menina de 12 anos, certo?”

Foi sob o impacto desse vídeo (disponível abaixo) que se desenrolou o primeiro painel do encontro anual da Clinton Global Initiative (CGI) dedicado à temática “garotas e mulheres”, uma área de ação planejada especialmente para este ano. O debate “Empowering girls and women” foi precedido por um anúncio de Hillary Clinton, secretária de Estado do governo norte-americano, que comunicou o lançamento de uma aliança global que foca num objeto inusitado: o fogão.

O compromisso, que envolve o Departamento de Estado dos EUA, a fundação Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde, entre outros parceiros, visa favorecer 100 milhões de casa em regiões onde o ato de cozinhar é feito em uma estrutura rústica que exige a queima de fontes combustíveis prejudiciais ao sistema respiratório e ao meio ambiente. Serão atendidos oito países (Afeganistão, China, Etiópia, Guatemala, Haiti, Índia, México, Peru e Uganda), em um projeto estimado em US$ 250 milhões.

Por que meninas e mulheres?

Na edição anterior do encontro da CGI, detectou-se a importância de se debater mais profundamente o tema “como garantir mais poder a meninas e mulheres”. A organização do evento, então, montou diversos painéis no fórum para atender esse anseio. A ideia parte do fato de que em muitas regiões essas pessoas são fortemente impactadas pela pobreza, pela falta de acesso a serviços de saúde e ao sistema de ensino, pelo casamento precoce, pela violência sexual e pela discriminação. “Há lugares no mundo em que a mulher é parte gente e parte propriedade”, comentou Bill Clinton, ex-presidente norte-americano que fundou a CGI.

Com a criação de projetos que combatam esse quadro, comunidades seriam atendidas também, já que geralmente a mulher investe seu dinheiro na família. E o crescimento dessa força de trabalho impulsionaria a economia como um todo.

O primeiro momento do encontro da CGI dedicado a colocar todos esses aspectos na mesa foi o painel “Empowering girls and women”, conduzido pela jornalista Katie Couric (CBS Evening News) e que teve a participação da rainha Rania Al Abdullah, da Jordânia, de Ellen Johnson Sirleaf, presidente da Libéria, e Muhtar Kent, CEO da Coca-Cola.

Rania falou sobre os principais obstáculos que meninas e mulheres em situação de risco enfrentam em diversas regiões do mundo. Ela destacou a pobreza e certas visões e preconceitos a respeito do papel da mulher na sociedade. Uma questão é a maneira como ela tem seu valor diminuído como força de trabalho. Outro ponto é a necessidade de se ofertar mais serviços que a apoiem quando ela estiver empregada, como creches para os filhos.

Mas um fator ganhou especial atenção: a educação. Rania sustentou que ao se investir na educação das meninas, o aporte vai além do que se imagina. O efeito se estende à sociedade. Isso porque a menina pode crescer rodeada de informação, o que lhe garante maiores oportunidades na vida, que impactariam inclusive sua rotina familiar. A presidente da Libéria reforçou esse posicionamento. “Temos de começar pela educação. Estabelecemos, por exemplo, um programa escolar para adolescentes. É um desafio importante manter essas meninas nas escolas”, disse.

Ellen salientou ainda que a violência, como a doméstica, continua a ser um grave problema. E pontuou que ter mais liberdade é vital para que as mulheres possam ter mais acesso à justiça. Também disse que o trabalho é importante para a população feminina, afinal são elas que respondem por muitos setores, entre elas o agrícola – na Libéria, afirmou, são as mulheres que tocam em grande parte as produções.

O CEO da Coca-Cola comentou que quem mais responde pela compra de produtos são as mulheres. A companhia decidiu apostar suas fichas na força de trabalho feminina. Uma das medidas foi valorizar as executivas da corporação, ampliando esforços para retê-las nos cargos de comando. Também foram implementados programas em alguns países, caso da África do Sul, em que as mulheres recebem apoio da empresa. São pessoas que desenvolvem trabalhos informais (como a busca de água potável), mas que, com a ajuda do programa, criam uma atividade que beneficia a comunidade.

Kent ressaltou ainda a necessidade de se trabalhar mais com o que chamou de “golden triangle”: governos, sociedade civil e o mundo corporativo. “Minha experiência mostra que há mais chances de sucesso quando se envolve esse triângulo. Às vezes um problema parece não ter solução, mas uma vez que as três partes trabalhem juntas e promovam algo, pode-se ver depois que, sim, havia uma solução.”

Clique no link abaixo e confira aqui o vídeo do projeto The Girl Effect:

Fonte: www.mmonline.com.br

Share to Facebook Mais...
  • Seja um Associado

    Seja um Associado